O Passado na Palma da Mão

Iris Rocha • 14 de maio de 2024

A cada ano a tecnologia avança exponencialmente, o que resulta em uma produção cada vez mais abundante de dados. E algumas preocupações se instauram: Onde armazenar essa quantidade crescente de informações sem o risco de perda?

Quais dados são essenciais e quais são descartáveis? É realmente necessário salvar qualquer dado?


Armazenamento de dados


Os discos rígidos mecânicos (HDDs) continuam a ser a escolha mais popular para o armazenamento de grandes quantidades de dados devido ao seu preço acessível. No

entanto, o tempo de vida e os requisitos para garantir a durabilidade desses dispositivos permanecem ainda como preocupações fundamentais. A vida útil de um HDD é de 3 a 5 anos, mas pode ser estendida em função de diversas variáveis: a temperatura de operação, a exposição ao calor e poeira, vibrações durante o transporte, desgaste do braço de leitura e outras partes mecânicas.


Os SSDs, por sua vez, se valem de uma tecnologia de armazenamento distinta que emprega chips de memória flash, sem a necessidade de partes móveis. Apesar disso,

o custo permanece elevado para grandes capacidades de armazenamento.


Existem outros tipos de discos, porém os citados acima são os dois principais. Diante das limitações dos dispositivos físicos, tem crescido o interesse dos usuários e empresas no armazenamento de dados na nuvem que oferece a guarda e conservação de dados sob demanda, dentre outros serviços.


A nuvem


Segundo a AWS Amazon: A computação em nuvem é a entrega de recursos de TI sob demanda por meio da Internet com definição de preço de pagamento conforme o uso. Em vez de comprar, ter e manter datacenters e servidores físicos, você pode acessar serviços de tecnologia como capacidade computacional, armazenamento e bancos de dados conforme a necessidade, usando um provedor de nuvem como, por exemplo, a Amazon Web Services (AWS).


A história da computação em nuvem começa lá nos anos 2000 e vem evoluindo para o formato dos dias atuais.

Em 2004 a Google lançou o primeiro serviço de e-mail com capacidade de armazenamento de 1GB. A proposta era revolucionária - eliminava a necessidade de excluir mensagens do servidor, algo comum em outros provedores que ofereciam apenas alguns megabytes de espaço. O novo paradigma estabelecido pela Google

influenciou diretamente outros provedores que se adaptaram rapidamente à nova realidade.


A Amazon (AWS) iniciou sua oferta de armazenamento em nuvem no ano de 2006, possibilitando o acesso por meio de interface web ou API. Em 2008 foi a vez do Dropbox adentrar no mercado, seguido pelo Google Drive, em 2012. A Microsoft, por sua vez, ingressou no mercado de armazenamento em nuvem com o lançamento do Azure, em 2010 e Office 365, em 2011. Já em 2014 a empresa lançou o OneDrive, serviço que continua crescendo e evoluindo.


Foi nesse período que o armazenamento em nuvem adquiriu uma grande força e impulso, e desde então não parou de crescer.


É importante salientar que os serviços de armazenamento em nuvem não são infinitos e demandam um investimento significativo dos provedores em termos de segurança -

tanto em perímetros internos quanto externos, a fi m de impedir ou dificultar acessos indevidos. Na atualidade, tanto usuários quanto empresas preferem pagar por serviços de armazenamento em nuvem para evitar a necessidade de escolher o que deve ser salvo, além de contar com a segurança e o acesso aos dados a qualquer momento e de qualquer lugar. As empresas têm mais um motivo para esta migração: o investimento em infraestrutura e protocolos de segurança lógica e física são transferidos aos grandes provedores.


Nuvem como aliada nos setores investigativos


As empresas do mercado corporativo já compreenderam que a nuvem é uma poderosa aliada. Já os órgãos públicos ainda estão caminhando para esta mesma compreensão.


Existe uma grande preocupação com a guarda de dados sensíveis nos setores investigativos - tanto público quanto privado, que tem aumentado com o crescente uso da tecnologia de armazenamento em nuvem. Dados que podem ser evidências de possíveis delitos ou má conduta, provas de crimes, indícios de sonegação fi scal, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e armas, dentre tantas outras violações da lei. São dados considerados de extrema importância que requerem um armazenamento seguro e confiável. Embora haja um certo receio em relação ao armazenamento de dados sensíveis na nuvem, é importante considerar que esta tecnologia é essencial para garantir a preservação dos dados a longo prazo.


Há poucos anos, os CDs, DVDs e fi tas DAT eram amplamente utilizados como armazenamento de dados. Hoje em dia é raro encontrar leitores para este tipo de mídia. E mesmo que se tenha à mão os dispositivos de leitura, os dados podem estar corrompidos. Da mesma forma, os HDs de hoje podem ficar ultrapassados daqui a alguns anos.


Essa é uma reflexão importante, já que a segurança e privacidade dos dados são fundamentais. Guardar dados sensíveis em locais físicos - como gavetas, armários, salas, aumenta o risco de perda, roubo, modificação dos dados físicos e até mesmo deterioração. À medida em que a tecnologia evolui com uma velocidade assustadora, é

importante transferir a responsabilidade tecnológica para os grandes provedores de armazenamento em nuvem. São eles que possuem alta capacidade de investimento e expertise em manter os dados íntegros e disponíveis a qualquer momento. É possível garantir assim a segurança e a integridade dos dados sensíveis nos setores investigativos, além de assegurar que os dados importantes não sejam perdidos ao longo do tempo por problemas com HDs e outras formas de armazenamento.


Atualmente existem diversos serviços de armazenamento com funcionalidades acopladas, facilitando a leitura e manipulação dos dados - inclusive com possibilidade

de uso da inteligência artificial para análise dos dados e possível transformação em informação relevante. Não adianta armazenar dado que dificilmente trará alguma

informação importante para a investigação em curso. O grande desafio é filtrar o que é relevante para o caso.


Há soluções no mercado que são capazes de registrar todo o ciclo investigativo, respeitando a cadeia de custódia, exibindo dados, dando a possibilidade de análise e ainda armazenando-os na nuvem com a facilidade de acesso por todas as partes interessadas. A cadeia de custódia é tão importante que foi promulgada a lei 13.964/2019 a fim de regulamentar os critérios para o registro de cada etapa do processo, principalmente no artigo 158-B. Existem diversos casos em que o réu foi inocentado devido a uma falha na cadeia de custódia.


Um exemplo de solução que pode contribuir para resolver alguns destes desafios é o Guardian, da Cellebrite. Neste sistema é possível determinar os usuários autorizados

a inserirem as extrações de mídias digitais utilizando a nuvem como ponto de armazenamento. Com isso, por meio da Internet, pode-se disponibilizar acesso de somente leitura às diversas partes interessadas, sejam advogados, juízes, promotores, chefes, dentre outros, de forma a manter todo o registro de acessos e os devidos

bloqueios contra quaisquer alterações nas evidências.


A tecnologia atual permite que a informação esteja acessível na palma da mão, seja num smartphone, notebook, computador. Por meio da Internet é possível acessar dados em qualquer lugar do mundo. É o futuro que já está presente, garantindo o acesso ao passado.


escrito por Iris Rocha

Gerente de Contas da TechBiz Forense Digital

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