Por Renato Maia
•
11 de fevereiro de 2025
Com o custo por milhões de “tokens” (os bits do novo mundo da IA., como tratamos em Adorável Novo Mundo da Inteligência ) tendendo rapidamente a zero, é razoável prever que todo e qualquer software incorporará “inteligência” como uma funcionalidade essencial. Nas primeiras versões, de maneira chamativa, com destaque inversamente proporcional à utilidade real. Com o tempo, imagino, a “inteligência” se tornará cada vez mais sutil. Invisível. E, ao mesmo tempo, cada vez mais essencial e útil. Olhando apenas para o nosso próprio umbigo, além das óbvias aplicações de IA em todo e qualquer conteúdo textual encontrado em investigações digitais – a capacidade de resumir, agregar, explicar e de realizar consultas semânticas (em substituição à tradicional por palavras-chave) – certamente ainda descobriremos inúmeras aplicações criativas destes modelos para nossos desafios investigativos. Modelos multimodais (que aceitam texto, imagem, vídeo e áudio como entrada) nos permitirão realizar a transcrição em texto - e tradução automática entre quaisquer idiomas - de arquivos de áudio ou vídeo. Modelos especializados em visão computacional (como o excelente LLava ou o LLAMA-3.2-Vision) transformarão nossa capacidade de analisar imagens e vídeos. Dando um zoom ainda mais profundo, por exemplo, em aplicações de dispositivos móveis, não é difícil imaginar que entraremos em uma era na qual a capacidade de entender, interpretar e consultar dados de novos “apps” para celulares será absurdamente acelerada. Talvez, em breve, o poder de criar um novo agente inteligente capaz de ler, interpretar e exibir dados do mais novo e popular “app” de chat ou rede social, residirá, não mais exclusivamente, nas mãos dos desenvolvedores e experts, mas migrará para os usuários e investigadores na linha de frente. Traçando um paralelo com o surgimento da era dos Computadores Pessoais (PCs), quando a então recém-criada Microsoft nos apresentou a visão de “um computador em cada mesa”, não estamos longe de entrar em uma nova: a dos “Softwares Pessoais”, em que veremos uma explosão no número de novos pequenos softwares, apps e automações criados (e descartados) sob demanda (e a custo infinitesimal) por modelos de IA para resolver toda e qualquer necessidade de cada um de nós. “O futuro chegou. Só não está uniformemente distribuído”, já bem escreveu William Gibson. Recomendo que aproveitemos este “cavalo arreado” e aceleremos juntos a distribuição deste novo e empolgante futuro. Até a próxima.