Sandro Frias
Gerente de Contas da TechBiz Cyber Strategy
Quando se pesquisa Transformação Digital, mesmo em uma rápida busca no Google, podemos observar várias definições. Mas afinal, o que é Transformação Digital e quando surgiu?
Particularmente tenho a visão de que a primeira coisa que devemos nos ater é o tempo do verbo na sua raiz, “transformar”, dar nova forma a. Quando ampliamos o olhar para o digital, para a transformação digital, aí o universo se alargar com o contexto da tecnologia, onde poderíamos dizer evolução tecnológica.
Um exercício de provocação: quando você acha que começou a Transformação Digital? Vamos buscar algumas palavras super atualizadas, como:
• IoT: internet das coisas – dispositivos conectados, máquinas, homens e ferramentas
• IA: inteligência artificial, BI, machine learning
• 5G, o mundo conectado: dispositivos eletrônicos conectados “in house”
• Inteligência e facilidade na ponta (usuária): Edge, experiência do usuário
• Nuvem – Cloud, “está na cloud”, mas onde a Cloud está?
Esses famosos termos do século XXI, que tanto ouvimos falar, surgiram em 2000 e quanto mesmo? Nos últimos 5 anos, 10 anos ou nos últimos 20 anos?
Se olharmos um pouco para a história recente do cinema, fica fácil entender a transformação digital. Vamos começar por Perdidos no Espaço:
Uma casa extremamente automatizada, que voava e viajava pelo espaço, estreava a série Perdidos no Espaço, a Casa, o Jupiter 2. Totalmente conectada, com equipamentos que cozinhavam, aceleravam crescimento de plantas, lavavam e passavam roupas sozinhas, tudo ao simples toque de um botão. Dispositivos inteligentes conectados “in house”.
Um dos acessórios mais famosos da casa era o personagem B-9, uma máquina autônoma chamada afetivamente de Robô, dotada de uma programação extremamente desenvolvida, com inteligência artificial. O personagem era capaz de tomar decisões sozinho, desenvolver habilidades emotivas e chegou a se transformar no melhor amigo do pequeno Will.
Uma tripulação sai para uma expedição espacial em uma nave extremamente moderna, totalmente conectada a um computador de última geração, que tinha a capacidade de “pensar” e tomar decisões, o auxiliar e amigo HAL, de sobrenome 9000. HAL 9000 quase eliminou toda a tripulação, ou será que eliminou?
Mesmo depois de 55 anos do seu lançamento, mas ainda com avisos de spoiler para os que ainda não assistiram ao filme, destaco a cena de quando HAL, através de uma escotilha, por leitura labial, observa a tripulação da nave que se organiza para combatê-lo.
Um computador pessoal, o primeiro, que oferecia a tecnologia diretamente para ponta da rede, para o usuário final. Com o lançamento do Apple I, nascia a experiência do cliente.
A inovação tecnológica Cloud, tão propagada como cria do século XXI, é um pouquinho mais velha. Nasceu mesmo foi no século XX.
O termo Cloud Computing, como conhecemos, foi usado pela primeira vez em 1997, pelo professor Ramnath Chellappa.
Desta vez, todo o conceito estava lá: uma estrutura de servidores conectados à internet que poderiam armazenar dados e... oferecer PODER de computação remotamente aos seus clientes. A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE.
O ambiente corporativo se consolidou como o cenário onde a Cloud causou e vem causando as mudanças mais profundas.
Isso acontece desde 2006, quando a Amazon introduziu a Elastic Compute Cloud, EC2, e inaugurou a Amazon Web Services.
Vamos agora para o século XXI, em um verdadeiro “De Volta para o Futuro”.
Poderíamos concluir então que a Transformação Digital moderna teve início há mais de 50 anos. Ela não é estática, está acontecendo e evoluindo e em vários casos, mudando a forma de fazer negócios, assistir filme, ouvir música, conviver com os filhos, cultivar e manter relacionamentos, ampliar nosso ciclo de amizades, seguir e ter seguidores. Está transformando as coisas e transformando a humanidade. Esse movimento contínuo de “criação”, também no gerúndio, “criando”...
Empresas de transportes, sem carro; empresas financeiras, sem dinheiro no banco; empresas de alimentação, sem comida; empresas de aluguel de imóveis, sem casa; empresas de hospedagem, sem hotel; vendas de passagem aéreas, sem avião...
Em resumo, a tecnologia de fazer negócios focada na “experiência do usuário”.
Então, hoje somos "nós", usuários, consumindo produtos e serviços?
Ou ao contrário?
A Transformação Digital vem acontecendo, talvez a mais tempo do que imaginamos, quando do início da leitura desse texto. Cada vez mais a facilidade, ou inteligência
na ponta (edge), passa despercebida em nossas vidas, quando muitos hoje pensam que isso sempre existiu.
Os mais jovens, nascidos depois da década de 90, acabam não se dando conta de que há pouquíssimo tempo, estudar um assunto significava pegar um ônibus, procurar uma biblioteca pública ou primada e gastar horas de pesquisas e leituras para conseguir fazer um simples trabalho de escola de apenas 20 linhas.
Hoje não. Hoje temos o tempo de um click, tempo em que uma novidade de 15 minutos atrás, pode estar totalmente ´antiga´ ou desatualizada. Em um parágrafo talvez consigamos mostrar aos outros que ´temos grande conhecimento´. Será que de fato, na corrida ´moderna´, temos o que de nós mesmos mostrar? Será que temos de
fato o amplo conhecimento divulgado?
Hoje entendemos de tudo, qualquer assunto. Eu pergunto, a máquina responde. Nem preciso escrever, basta falar. Muitas vezes sequer me dou ao luxo de avançar até a
segunda página de uma ferramenta de busca. Está tudo ali, na ponta do dedo, talvez distante do cérebro, mas no limite de um click.
Podemos nos posicionar sobre vários assuntos, com ´amplo conhecimento´ e de maneira interativa com a máquina. Se sobrar tempo, vou trocar com outros da
rede. Atualizar e mudar de assunto rapidamente, com a mesma ´qualidade´.
Discutimos, falamos e argumentamos de forma cômoda. Não é preciso pensar, já fizeram isso por nós.
E essa facilidade toda da Transformação Digital, com seu foco na inteligência na ponta, na experiência do usuário, é que tem trazido coisas maravilhosas para todos nós. São
as novas possiblidades sem as quais já não ousaríamos viver, mesmo que apenas um final de semana.
Então, infelizmente temos de um lado, alguém ganhando, facilidade e do outro lado, alguém querendo subtrair sua comodidade, prejudicando pessoas e empresas.
Neste momento temos o paradoxo, quanto mais facilito para o usuário do bem, mais facilito para o usuário do mal. O mesmo paradoxo que encontramos nos filmes acima
citados, o desfecho das histórias de ficção que imaginava um futuro recheado de facilidades para a humanidade conviver melhor. Mesmo nessas histórias de ficção, o
passado, futuro e o presente estavam protagonizados por dois ´atores´, o Bem e o Mal.
Hoje temos empresas que investem fortunas em segurança externa e na ampliação da experiência do cliente. Buscam, com enormes barreiras digitais, a proteção contra os ´inimigos´ de fora. No entanto, muitas vezes esquecem de olhar mais atentamente para dentro da própria estrutura. A Transformação Digital impulsiona, cria, inova e inspira novos cenários. Contudo, seja o B-9, de Perdidos no Espaço, ou os hackers de
hoje, nada avança sem a mão do homem, nada evolui sem o olhar atendo da criação. A vigilância contínua e necessárias para um crescimento seguro.
Sandro Frias
Gerente de Contas da TechBiz Cyber Strategy
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