Imagem forense: como garantir cópias seguras e válidas para investigação

27 de outubro de 2025

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Os dados digitais são inerentemente frágeis e voláteis, podendo ser alterados com um simples clique. Um movimento em falso pode corromper a evidência, invalidando-a em tribunal e comprometendo todo o processo. É para resolver esse problema que a imagem forense surge como a ferramenta mais fundamental e poderosa da forense digital.


Uma imagem forense não é uma simples cópia. Ela é uma réplica exata, bit a bit, de um dispositivo de armazenamento, criada com métodos que garantem sua integridade inalterável. 


Este processo de duplicação forense é o primeiro passo e o mais importante de qualquer investigação, pois assegura que a evidência original seja preservada em seu estado primário, permitindo que a análise seja feita em uma cópia segura. Ficou interessado no assunto? Continue a leitura para saber mais! 


O que é uma imagem forense e por que ela é importante?


Ao contrário de uma cópia comum, que apenas duplica os arquivos visíveis, a imagem forense captura cada bit de informação presente na mídia de origem. Isso inclui:


  • Arquivos ativos e seus metadados.
  • Arquivos que foram deletados, mas ainda não foram sobrescritos.
  • O espaço não alocado no disco.
  • A estrutura completa do sistema de arquivos.


Essa duplicação exata é fundamental porque a análise de um caso muitas vezes depende de dados que não são visíveis para o usuário comum. Um criminoso pode ter deletado arquivos, mas eles podem ser recuperados na imagem forense. 


A integridade da prova é o que confere a ela validade legal, e a única forma de garantir isso é por meio de uma cópia perfeita.O processo é essencial porque:


  • Preserva a evidência original: a mídia de origem (o disco rígido, o celular) é lacrada e arquivada, sem ser manuseada diretamente. Toda a investigação e a análise são conduzidas na imagem forense.
  • Garante a admissibilidade legal: a criação de uma imagem forense é uma prática padrão e aceita em processos judiciais no mundo todo, desde que a cadeia de custódia seja mantida.
  • Permite a análise não destrutiva: os peritos podem realizar qualquer tipo de análise na imagem, incluindo a recuperação de dados deletados e a busca por informações ocultas, sem o risco de alterar ou danificar a evidência original.


Quando o processo de duplicação forense é necessário?


A criação de uma imagem forense é um passo necessário em diversas situações, tanto no âmbito criminal quanto no corporativo.


Investigações criminais


Em crimes que envolvem computadores, smartphones ou servidores, a imagem forense é a forma de coletar a evidência digital. Isso inclui casos de fraude, pornografia infantil, terrorismo e cibercrimes.


Disputas civis


Em litígios sobre propriedade intelectual, violação de contratos ou litígios trabalhistas, a análise de dados como e-mails e histórico de navegação pode ser decisiva.


Investigações corporativas


Empresas precisam de evidências digitais para investigar fraudes internas, vazamentos de dados, assédio ou má conduta de funcionários. A imagem forense garante que a investigação seja conduzida de forma ética e juridicamente sólida.


Resposta a incidentes de segurança


Após um ciberataque, como um ransomware, a análise forense de um sistema comprometido permite entender a origem e o impacto do ataque, além de identificar as vulnerabilidades. A imagem forense é a base para essa análise.


Tecnologias e ferramentas para criação de uma imagem forense


A duplicação forense é um processo técnico que exige ferramentas específicas e procedimentos rigorosos. As tecnologias utilizadas incluem:


Write-blockers


Os write-blockers são dispositivos (podem ser hardware ou software) que interceptam e bloqueiam qualquer comando de escrita na mídia de origem. Quando o perito conecta um disco rígido ou outro dispositivo para fazer a imagem forense, o write-blocker atua como uma barreira de segurança, garantindo que nenhum bit de informação seja acidentalmente alterado. 


Essa tecnologia é o pilar da preservação da evidência original. Sem um write-blocker, o simples fato de conectar o dispositivo a um computador poderia iniciar um processo de escrita, alterando metadados e comprometendo a integridade da prova.


Funções de hash


As funções de hash são o mecanismo matemático que prova que a imagem forense é uma cópia perfeita. Uma função de hash, como SHA-256, gera uma sequência alfanumérica única (uma espécie de "impressão digital") a partir dos dados de um arquivo ou disco. 

Qualquer alteração, por menor que seja, nos dados de origem, resultará em um hash completamente diferente. O processo é o seguinte:


  1. Antes de criar a imagem, o perito calcula o hash da mídia de origem.
  2. Durante o processo de criação da imagem forense, a ferramenta calcula o hash da cópia.
  3. O software de forense compara os dois valores hash. Se eles forem idênticos, a cópia é perfeita e a integridade da evidência está provada. Se forem diferentes, a evidência está comprometida.


Ferramentas de software e formatos de imagem


O mercado de forense digital oferece diversas ferramentas de software que automatizam a criação de imagens forenses e a verificação de hash. Exemplos de ferramentas amplamente utilizadas incluem FTK Imager, EnCase e Autopsy. Essas ferramentas criam a imagem em formatos específicos:


  • RAW (ou DD): formato mais simples, uma cópia bit a bit sem qualquer metadado adicional. É universal, mas não oferece compressão.
  • E01 (EnCase): formato proprietário que, além da imagem bit a bit, armazena metadados importantes, como o hash da evidência, a data e a hora da coleta, e informações sobre o perito. Ele também permite a compressão dos dados, o que é útil para economizar espaço de armazenamento.

Passo a passo: boas práticas na criação de uma imagem forense


O processo de criação de uma imagem forense exige um passo a passo rigoroso para garantir que a prova seja coletada de forma impecável.


Passo 1: planejamento e preparação


Antes de tocar em qualquer coisa, é preciso planejar. O perito deve reunir todas as ferramentas necessárias (write-blocker, software forense, disco de destino com espaço suficiente), registrar as informações do caso e documentar o motivo da coleta.


Passo 2: isolamento do dispositivo


O dispositivo que contém a evidência deve ser isolado imediatamente. Se for um computador, ele deve ser desligado de forma segura (se possível) ou ter a energia removida. 


Se for um smartphone, ele deve ser colocado em um saco Faraday para bloquear qualquer comunicação sem fio, como Wi-Fi ou sinal de celular.


Passo 3: conexão segura e inicialização do processo


O perito conecta a mídia de origem à estação de trabalho forense usando um write-blocker. É crucial que o sistema operacional da estação forense não acesse a mídia de origem, o que o write-blocker garante.


Passo 4: cálculo do hash inicial


O software forense é usado para calcular e registrar o valor hash da mídia de origem. Este é o hash que será usado como referência para provar a integridade da cópia.


Passo 5: criação da imagem bit a bit


O software forense é configurado para criar uma imagem forense da mídia de origem no disco de destino. O processo é automatizado e pode levar horas, dependendo do tamanho da mídia.


Passo 6: verificação da imagem


Após a conclusão da imagem, o software calcula o hash da imagem criada. Esse valor é comparado ao hash inicial da mídia de origem. Se os dois hashes coincidirem, a cópia é perfeita e a integridade da evidência é confirmada.


Passo 7: documentação detalhada e inclusão na cadeia de custódia


Toda a operação deve ser meticulosamente documentada. Isso inclui o número de série do disco de origem, o hash original e o hash da imagem, o nome da ferramenta usada, a data e a hora da coleta e o nome dos peritos. Este documento é o primeiro elo da cadeia de custódia, que será mantida ao longo de toda a investigação.


Quais cuidados devem ser tomados para evitar a contaminação da prova?


A contaminação da prova digital é o maior risco em uma investigação. Por isso, peritos e especialistas em segurança digital seguem regras estritas para evitar que isso aconteça.


  • Nunca ligue ou trabalhe no dispositivo original: ligar um computador pode alterar centenas de arquivos. O sistema operacional altera carimbos de tempo, cria arquivos temporários e modifica logs. Por isso, a análise deve ser sempre feita na imagem forense.
  • Evite softwares comuns de cópia: ferramentas como o "copiar e colar" do sistema operacional não preservam metadados, dados deletados e nem a integridade do disco. Apenas softwares forenses especializados são adequados para essa tarefa.
  • Mantenha a cadeia de custódia impecável: uma imagem perfeita é inútil sem uma cadeia de custódia sólida. A documentação completa e o registro de cada manuseio da evidência são tão importantes quanto a própria imagem.


A criação de uma imagem forense é a base de qualquer investigação digital. Em um ambiente onde a integridade da evidência é o que decide o sucesso de um caso, não há espaço para erros. 



O processo de duplicação bit a bit, combinado com o uso de write-blockers e a verificação por hash, é o que garante que a evidência digital seja irrefutável e aceita pela justiça. O investimento em profissionais qualificados e nas ferramentas corretas não é apenas uma boa prática, mas uma necessidade para proteger a verdade, a integridade da sua organização e a validade de cada investigação.



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